Trabalho apresentado à disciplina de Desenho Expandido ministrada pela Professora Regina Carmona - 3º Semestre.
(...) O acaso é a liberdade em relação às leis da lógica, porém é também a condição de necessidade devido á qual se enfrentam a cada momento, na vida, situações imprevistas. A salvação não reside na razão que faz projetos, mas na capacidade de viver com lucidez a causalidade dos acontecimentos. Tudo se resume a encontrar o próprio ritmo e não perdê-lo, aconteça o que acontecer. (...) pg. 532 Argan, Carlo Giulio – História da Arte Moderna.
O trabalho
é caracterizado como uma instalação, composto por quatro grandes vasos de
vidro, cada qual com um bambu vivo, com raiz e broto. A planta está imersa em
água colorida e a boca do vaso esta vedada por um filme de PVC. Os quatro
elementos acomodam-se sob um deck branco.
Meu trabalho apresenta linhas além das previstas no projeto. O bambu
por si só constroi estruturas e formas,
trabalhando no conjunto ou nele mesmo. Suas raízes dialogam com as cores da água,
geram movimento, expansão e crescimento. Mesmo que não seja possível ver o
desenvolvimento em movimento da planta, associamos que a raiz aumenta junto ao
crescimento dela e o brotar de seu caule. É possível visualizar novas linhas,
traços e volume surgindo a cada dia desta estrutura.
É o desenho daquilo que normalmente esta escondido,
interno ou contido. A transparência dos vasos expõe a intimidade e o surgimento das novas linhas que se
movimentam e se articulam dentro da água. Movimento , cor , e linha. O bambu
desenha com o vento, a raiz se desenha
na água. O desenho sai do papel vai para o espaço, cresce com linhas que tem o
poder de se multiplicar e toma o espaço.
O projeto ,porém, é feito na base do suicídio. A primeira forma é proposta mas não
é possível prever os formatos subseqüentes. Fico na mão do acaso e me conforto na frase do Argan. Basta estar lúcido e consciente da existência do acaso que
isso já te faz dentro do trabalho. Esta atitude se torna mais racional e madura
que a própria ‘razão que faz projetos’ e que se prende e se limita nele. Deixar
o projeto livre faz com cresça e receba
conceitos não percebidos anteriormente. Devemos entender o projeto com uma
pesquisa e o processo como parte
integrante do trabalho. Erros satisfatórios não são erros, são novos rumos de
pesquisa, perceber significa estar em contato como trabalho.
Dentro do meu processo, ao trabalhar com a anilina
nas flores e acompanhar seu comportamento, vi que não seria mais necessário desenhar seu contorno sutil de suas veias, se o mesmo já
era percebido por suas formas puras no espaço. O trabalho estava pronto sem que
houvesse mais interferências minhas. A anilina se torna apenas uma cor
passiva paralela ao ritmo natural
de crescimento das plantas.
O corante não desenhava na flor mas evidenciava o desenho, ele já estava lá. Meu trabalho é
apropriação do desenho da natural.
Processo criativo: (desenho e cor)
A desordem: achar a beleza do mato, criar o mato, colorir o mato... matar o mato!
coloco esta foto em tributo ao Murilo!
A pesquisa: descoberta de pigmentos naturais e anilina -
Estudo da linha natural da planta, ao absorver o pigmento a própria planta define seu contorno. Uma experiência incrível, testada em diferentes plantas, porem o resultado apresentado pelo lírio da paz, ao meu ver o mais bonito!
O conforto: face em que resolvi 'imprimir' definitivamente o desenho das plantas. Projeto em acetato para fazer sobreposições
‘As plantas são generosas, pedem pouco
e se mutiplicam.’ Roberta Maria
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