domingo, abril 25, 2010

Nunca te prometi um jardim de Rosas - Desenho Expandido










Trabalho  apresentado à disciplina de Desenho Expandido ministrada pela Professora Regina Carmona - 3º Semestre.







(...) O acaso é a liberdade em relação às leis da lógica, porém é também a condição de necessidade devido á qual se enfrentam a cada momento, na vida, situações imprevistas. A salvação não reside na razão que faz projetos, mas na capacidade de viver com lucidez a causalidade dos acontecimentos. Tudo se resume a encontrar o próprio ritmo e não perdê-lo, aconteça o que acontecer. (...) pg. 532 Argan, Carlo Giulio – História da Arte Moderna.


O trabalho é caracterizado como uma instalação, composto por quatro grandes vasos de vidro, cada qual com um bambu vivo, com raiz e broto. A planta está imersa em água colorida e a boca do vaso esta vedada por um filme de PVC. Os quatro elementos acomodam-se sob um deck branco.


Meu trabalho apresenta  linhas além das previstas no projeto. O bambu por si só  constroi estruturas e formas, trabalhando no conjunto ou nele mesmo. Suas raízes dialogam com as cores da água, geram movimento, expansão e crescimento. Mesmo que não seja possível ver o desenvolvimento em movimento da planta, associamos que a raiz aumenta junto ao crescimento dela e o brotar de seu caule. É possível visualizar novas linhas, traços e volume surgindo a cada dia desta estrutura.

É o desenho daquilo que normalmente esta escondido, interno ou contido. A transparência dos vasos expõe a intimidade e  o surgimento das novas linhas que se movimentam e se articulam dentro da água. Movimento , cor , e linha. O bambu desenha com o vento, a raiz  se desenha na água. O desenho sai do papel vai para o espaço, cresce com linhas que tem o poder de se multiplicar e  toma o espaço.

O projeto ,porém, é feito na base do  suicídio. A primeira forma é proposta mas não é possível prever os formatos subseqüentes. Fico na mão do acaso e me conforto  na frase do Argan. Basta estar lúcido e consciente da existência do acaso que isso já te faz dentro do trabalho. Esta atitude se torna mais racional e madura que a própria ‘razão que faz projetos’ e que se prende e se limita nele. Deixar o projeto livre faz com cresça  e receba conceitos não percebidos anteriormente. Devemos entender o projeto com uma pesquisa e  o processo como parte integrante do trabalho. Erros satisfatórios não são erros, são novos rumos de pesquisa, perceber significa estar em contato como trabalho.
Dentro do meu processo, ao trabalhar com a anilina nas flores e acompanhar seu comportamento, vi que não seria mais  necessário desenhar seu  contorno sutil de suas veias, se o mesmo já era percebido por suas formas puras no espaço. O trabalho estava pronto sem que houvesse mais interferências minhas. A anilina se torna apenas uma cor passiva  paralela ao ritmo natural de  crescimento das plantas.
O corante não desenhava na flor mas evidenciava o  desenho, ele já estava lá. Meu trabalho é apropriação do desenho  da natural.

Processo criativo: (desenho e cor)
A desordem: achar a beleza do mato, criar o mato, colorir o mato... matar o mato! 
coloco esta foto em tributo ao Murilo!

A pesquisa: descoberta de pigmentos naturais e anilina - 










Estudo da linha natural da planta, ao absorver o pigmento a própria planta define seu contorno. Uma experiência incrível, testada em diferentes plantas, porem o resultado apresentado pelo lírio da paz, ao meu ver o mais bonito!












O conforto: face em que resolvi 'imprimir' definitivamente o desenho das plantas. Projeto em acetato para fazer sobreposições 







O conceitual: Nunca te prometi um jardim de rosas. Motivada pela obra literária de Hanna Arent







‘As plantas são generosas, pedem pouco e se mutiplicam.’ Roberta Maria

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